terça-feira, 25 de setembro de 2012

Vamos lá, continue


São pequenos gestos que trazem grandes emoções. Uma delas aconteceu no último sábado, em um espaço para crianças.

Meu filho entrou em um desses brinquedos, cheios de tubos, com redes e plásticos, que desembocam em um escorrega.

Já havia notado que ele nunca conseguia concluir o caminho. E aí surgiam as dúvidas. É por que é autista?

Foram vários espaços infantis e vários brinquedos como esse. Ele, primeiro, conseguiu subir até o segundo degrau. No sábado, foi até o terceiro. Já comemorava. Foi então que ele entrou no primeiro túnel, cercado de redes. Empacou no meio. Crianças – menores e maiores do que ele – passavam pelo meu pequeno.

Começaram a surgir os pensamentos novamente. É por que é autista. E agora, como tirá-lo dessa situação aflitiva? É aflitiva para ele ou para mim?

Foi quando aconteceu um dos inúmeros milagres que a gente vivencia todos os dias e, às vezes, nem os nota.

O meu milagre chama-se Janaína. Monitora do espaço infantil, começou a alertar as crianças para que não machucassem o meu filho quando passassem por ele. Chamei-a e expliquei-lhe a situação. Ela, que poderia muito bem ter deixado tudo como estava, tomou a seguinte decisão: avisou que nenhuma criança poderia subir e ela mesma entrou no brinquedo. Foi indo atrás do Giovani, com as frases “vamos lá”, “continue”. Foi quando eu vi uma cena marcante. Meu filho havia concluído o brinquedo.

Lágrimas nos olhos. A Janaína não deve ter entendido as duas vezes que fui até ela para lhe dizer “muito obrigada, muito obrigada mesmo”.

A partir dali, ele foi, sozinho, concluindo todo o percurso por mais umas quatro vezes.

Vitória da vida. Vitória da Janaína. Vamos lá, continue.

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