quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Pequenas vitórias pela vida Sinais da vida a gente recebe todos os dias. Uma frase, uma cena na televisão. É só estar atento. Mas há momentos espetaculares, nos quais esses acontecimentos se comunicam muito intensamente. Foi o que ocorreu nas últimas semanas. Semana passada, em 48 horas, fui pra Cuiabá, São Paulo, Rio de Janeiro e São Paulo. Filho doente, no final de uma escarlatina. Cansaço, poucas horas pra dormir, dois treinamentos completamente diferentes. Cenário bom pra lamuriar. Só que não. Em Cuiabá eu me deparei com uma poesia simples, de uma jovem, que perdeu a batalha para o câncer aos 15 anos de idade. Antes disso, conseguiu escrever como se enxergasse. Aliás, viu mais do que qualquer um. Na hora eu pensei em parar de reclamar por pouco e a agradecer pelas pequenas vitórias da vida. E, principalmente, a perseverar ao olhar o copo meio cheio e não meio vazio. No Rio, consegui uma tarde e um início de noite com a família. Agradeci pela qualidade de tempo acompanhar mesmo que por algumas horas meus sobrinhos, meu irmão, meus pais, cunhada – minha família. No meio do caminho, notícias sobre diagnósticos chatos em família e com os amigos. Todos lutando e seguindo em frente (e um deles – mais um caso de câncer). O que me fez sentir esperança e tristeza simultaneamente. E a mais do que nunca a exercitar a confiança na fé. A escarlatina do filho foi sumindo, a culpa pela distância foi indo embora. E, já em São Paulo, recebo a notícia que dois amigos já estavam se recuperando do susto noticiado dois dias antes. Ufa. A rotina não dá tréguas para digerir tantas experiências em poucas horas. E os desafios continuam. No fim de semana que ficou mais curto ainda por causa da viagem, decidimos ousar. Compramos uma árvore de Natal. Nosso filho entenderia? Não custa experimentar. E foi o máximo de mais uma pequena vitória. “Uau”, “quanta luz”, “Pai Noel”. Frases de encantamento e de comemoração entre pais que lutam diariamente contra e pelo invisível. Dias depois, meu filhote nos surpreende. Mais uma vez. Fez uma malcriação. Já aviso aos críticos: pra pais de autistas, tudo é comemorado. Tudo. Porque é assim que construímos os dias. Com pequenas vitórias. Parafraseando o filme “Procurando Nemo”, exibido exaustivamente durante os dias de “cárcere privado” causado pela escarlatina, Giovani me responde “não tava, não”. Foi a resposta a uma advertência por causa de uma cordinha de uma bola de Natal, pois estava machucando o dedo dele. Um silêncio alegre simbolizou mais uma comemoração – minha e do marido. É, pais de autistas ficam felizes com enfrentamentos. Assim são meus amigos e familiares que estão enfrentando uma doença. Assim é a jovem cuiabana que lutou até onde foi possível. Assim somos nós, que precisamos superar algo todos os dias. De todos os sinais proporcionados pela vida em poucos dias, ficou pra mim o maior de todos: é fundamental agradecer. Pelo mínimo que seja. Senão enxergamos as pequenas vitórias de cada dia, nunca vamos reconhecer a própria vida.

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