A esperança
é uma mistura de espera com ação. Ora estamos animados, agindo. Ora esperamos
por um momento melhor.
Quando
ficamos sem esperança, estamos desesperançados, desesperados. Aliás, não tinha
parado para pensar em tais prefixos e flexões, que surgem como tufões em
nossa vida. Por alguns segundos, podemos nos sentir abandonados, sem luz ao fim
do túnel. Em minutos, temos a maior gratidão pela vida e por seus pequenos
prazeres, lampejos felizes. Como oscilamos. E é nessas oscilações que
caminhamos.
Às vezes,
perdemos a esperança por nada. Exigimos muito do outro e dos outros. Não
queremos perder nunca para ninguém. Só que não percebemos que perdemos para nós
mesmos. Ainda bem que o bom senso é generoso e geralmente nos faz concluir que estamos sem motivo. Olho com
certo espanto como a gente facilmente tenta se compensar nessas horas. É o
cabelo, um par de sapatos novos. Mas não preenche. Porque a resposta está
dentro da gente. Sempre.
Muitas
vezes pensamos que não merecemos. Conseguimos nos boicotar, achar que a vida
vai nos surpreender e nos tirar a felicidade que tanto estamos curtindo. Em outras, questionamos para que, afinal, essas mazelas, esses caminhos, vitórias, derrotas... os porquês de tudo isso.
E aí
lidamos com um exercício quase infantil – o copo está meio cheio ou meio vazio?
Poderia ter acontecido algo pior? Sempre. Poderia não ter acontecido? Não.
A
vida não dá letra “b” pro pré-destino. Mas incrivelmente dá a chance de virarmos
o jogo, de mudar algo do próprio destino.
É quando
surge ela, a esperança. Em sua magnitude, em sua simplicidade, fortalecida por
um pensamento positivo – engraçado que quanto mais simples e até pueril
pensamos o “bem”, mas forte é a esperança. E é um milagre maravilhoso, porque a
esperança vem do medo, da tristeza, da raiva e ao mesmo tempo da alegria, da fé
na vida e da crença no escuro.
É inegável
que a esperança é um estado presente. É como a lua, que vai crescendo e depois
mingua. Ou, a quem prefere o copo meio cheio, que da nova e escura vai para a
cheia e iluminada.
Escravos
tiveram esperança. Guerreiros nunca a perderam de vista. Vítimas da guerra, da
violência, da dor, da vida, por mais duro e vulnerável que seja, cultivam-na.
Essa tal de esperança. O eterno esperar para tê-la.