Não fosse o Giovani, não conheceria tantas histórias
interessantes de superação. Ou melhor, acho que não prestaria tanta atenção a
elas. Há várias histórias por aí, de anônimos, que são muito inspiradoras. Pelo
menos comigo, emocionam e me fazem sentir parte de um grupo. Quem tem filho
especial sabe disso. E quem não tem também sabe. A gente se une pela dor e
acaba ficando anestesiado, diria até que alivia sabermos que não é só a gente
que lida com desafios diferentes.
Parece egoísmo, mas não é. Para tornar público um
desafio, precisa de coragem. Expor-se, pelo menos, não faz parte da minha
natureza. Acho que ninguém, em sã consciência, pensa “quando crescer eu quero
expor todos os meus sofrimentos publicamente”. Mas algo move. No meu caso, é um
misto de terapia com solidariedade. Tem dado certo.
Mas o ponto vital de histórias assim está na superação.
Das seis perguntas básicas do Jornalismo, a que eu mais gosto é o “como”. Não que as outras não sejam fundamentais. Mas
quando eu descubro como ocorreu algo, como alguém construiu algo, como alguém
transcendeu, para mim, significa que encontrei o ouro da história, o segredo da
receita que ninguém escreve.
Ainda não achei o “como” da minha história com o
Giovani. Diria que já achei alguns em situações pontuais. “Como” falar dele sem
chorar, “como” se preocupar menos com o futuro – para ambos os casos, a
resposta é única: cada dia, um dia.
Mas eu tenho aprendido muito com o significado da superação
e não é só com o Giovani. Com a vida. Sim, de vez em quando, a vida te vira de
cabeça para baixo. Decepções existem e não são poucas. Inesperadamente as
forças vão embora, o desânimo toma conta. Inexplicavelmente as coisas ficam sem
sentido. É impressionante como há coisas que te tiram do prumo, roubam a sua
essência.
E o mais impressionante é como essas mesmas coisas
representam a força para virar o jogo. Não se trata aqui de uma receita de
bolo, mas o que eu tenho vivido me ensinou algumas saídas sábias, que podem
significar frases de botequim a um desavisado. Mas, para quem vive, na carne,
são verdadeiros trunfos:
1)
Tempo. Dar um tempo, aguardar o tempo certo. Esperar
o tempo passar. Suaviza tudo.
2)
Espiral. Sim, a vida é um espiral. Você
lida com situações similares e com personagens diferentes. Isso é para
aprimorar sua capacidade de superação.
3)
Não, não ache que as pessoas têm a mesma
velocidade que você e que precisam responder à vida como você responde.
4)
Silêncio. Ele não comete erros. E é o seu
melhor apoio para aguardar o tempo certo.
5)
Depois do tempo, do silêncio e de avaliar o
espiral e os personagens, aí vem a reação. Uma das melhores sensações. Sentir que
está vivo novamente, reagindo.
6)
Perdoe. Pessoas, como você, naturalmente
erram. Peça perdão, se necessário.
Parabéns, você cresceu. E
o que é melhor, a história continua.