Recentemente tive uma experiência aparentemente mórbida, mas rica em ensinamentos. Fui a um enterro de uma pessoa especial. Seu nome: Tânia. Jovem, não deve ter chegado aos 50 anos. Não, não foi a minha primeira experiência em cemitérios. Já tive algumas, infelizmente.
O especial está na história da própria Tânia. Acometida por uma doença de progresso irreversível, ao longo dos anos Tânia deixou de andar, de mexer qualquer músculo do seu corpo. Sentia calor, coceira, frio, mas não tinha como lidar com estas sensações.
Se fosse para descrevê-la visualmente em uma palavra, esta é a melhor definição: imóvel. No entanto, Tânia estava longe de ser uma pessoa parada. Determinada, forte, cresceu com a doença a ponto de não deixar se abater. Na cama em casa e depois na instituição onde passou seus últimos dias, ela movimentava e encantava quem a conhecesse. Organizou uma reunião em seu lar com os familiares, para que eles conhecessem a filosofia de que para ser feliz é preciso, antes de tudo, fazer o próximo feliz. Sim, a Tânia, com todas as limitações, pensava e agia assim. Curava os outros pelo olhar, pelas palavras e pela postura. Uma das mulheres mais ativas. Mais do que muita gente que não tem qualquer limitação física.
Portanto, o corpo foi enterrado, mas não a alma e muito menos a lição que ela deixou para a gente: viver o máximo possível dentro do que lhe é permitido.
Agora, Tânia parte para o Mundo Espiritual, onde vai se movimentar livremente. Tenho a certeza de que continuará encantando quem encontrar pelo caminho.